8 Dias no Chile
- Amanda
- 3 de jul. de 2020
- 8 min de leitura
A viagem para o Chile é daquelas que não se gasta muito e se vê muita coisa diferente do que estamos acostumados no Brasil. Essa foi a primeira viagem que fiz 100% sozinha e foi uma experiência maravilhosa. O objetivo era não gastar muito dinheiro, ter experiências diferentes, como conhecer a neve, já que fui no inverno, e me desafiar nessa aventura do autoconhecimento e solitude.
Pontos e informações relevantes:
- É uma viagem internacional relativamente barata
- Gastei em torno de R$3.000 com passagem incluída
- Alimentação cara em bares e restaurantes
- Real valorizado em relação ao peso
- Neve e ski no inverno
- É importante levar roupas e botas de neve ou alugar
- Vinícolas e melhores vinhos do mundo
- Locomoção a pé e metro
Roteiro:
Dia 1: Centro Histórico e Sky Costanera
Dia 2: Estação de Ski Farellones
Dia 3: Troca da guarda, Cerro Santa Lucía, Patio Bella Vista e Templo de Bha’í
Dia 4: Vinícola Concha y Toro, Barrio Lastarria e Museo Nacional Bellas Artes
Dia 5: Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, Museo Nacional de Historia Natural, Mercado Público, Empório Zunino e Empório La Rosa
Dia 6: Viña del Mar e Valparaíso
Dia 7: Estação de Ski Portillo e Laguna del Inca
Dia 8: Cerro San Cristóbal
Minha viagem durou 9 dias contando a ida e a volta, do dia 24 de Junho a 2° de Julho. Escolhi esse período porque meu principal objetivo era ver a neve, que ainda não conhecia. Comprei todos passeios que queria fazer com antecedência no Brasil da empresa Chile Explorer, uma empresa de turismo de um brasileiro, o que facilita a comunicação e a organização. Gostei bastante do serviço da empresa, mas chegando em Santiago, descobri que nas próprias casas de câmbio existe a venda de passeios.
Em relação ao dinheiro, vale mais a pena levar em reais e trocar nas casas de câmbio, à medida que for precisando. Tem uma rua no centro chama Agustinas, lá existem várias opções com cotações diferentes para a troca do dinheiro.
Como viajei completamente sozinha e não queria gastar, optei por ficar em um hostel, Che Lagarto, gostei, mas não amei. As fotos pelo site davam a impressão que o hostel era bem mais novo e limpo do que realmente era. O preço era super em conta e peguei a estada sem café da manhã, depois vi que o café realmente não valia muito a pena. A localização do hostel é boa, bem no centro de Santiago, próximo a mercados, companhias telefônicas e estação de trem.
O que é mais caro na viagem para o Chile é a alimentação. É bem caro comer em restaurantes, por isso eu comi muito em lanchonetes e levava sanduíches na mochila também, pois não queria gastar tanto em alimentação. Então comprei bastante em mercados para me alimentar durante o dia.
Meu voo saiu de Porto Alegre, paguei R$1.000,00 ida e volta pela Latam. Saiu à noite do dia 24/06 e cheguei de madrugada em Santiago, mais ou menos 3h e meia de viagem. Por causa do horário eu reservei um transfer do aeroporto ao hostel, pois sabia que pegar uber este horário seria mais complicado e quase o mesmo preço.
DIA 1
Reservei o primeiro dia para trocar dinheiro, passear a pé pelo centro e explorar a cidade. Uma das ruas mais famosas é a Paseo Bandera (próximo à Rua Agustinas), uma rua super colorida, com diversas artes no chão e em um túnel ao final da rua. Rende fotos muito legais e é imperdível.
Continuei caminhando até a Plaza de Armas para visitar a Catedral Metropolitana de Santiago, é possível entrar para visitar e não é cobrado nenhum ingresso. A Catedral é o principal templo católico romano do país e forma um conjunto arquitetônico com o Palácio Arcebispal. A Plaza de Armas é a principal praça de Santiago, possui uma parte com barzinhos e restaurantes, e lá que se encontra o letreiro com o nome da cidade.
Foi nesse dia também que decidi ver a cidade de cima do Sky Costanera e assistir o pôr do sol. Por isso à tarde já me desloquei para o shopping que possui um arranha-céu com 300m de altura, com um mirante no último andar. Vale ressaltar que Santiago retém uma camada de poluição que dificulta a visibilidade, então o ideal é visitar esse lugar após um dia de chuva, porque assim diminui a camada de poluição e a visibilidade fica maravilhosa, foi isso que eu fiz.
O ingresso custa 15.000 pesos, em torno de R$80 e vale muito a pena, claro se tiver com uma boa visibilidade. Como o prédio é localizado em um shopping, pode aproveitar para jantar por lá mesmo, tem diversas opções e um Hard Rock Cafe bem legal.
DIA 2
O segundo dia já foi reservado para o primeiro passeio. Decidi conhecer a estação de ski Farellones, no caminho para o Valle Nevado. Na época que eu fui ainda não estava aberto para o ski, somente visitação por não haver neve o suficiente. A van da Chile Explorer me pegou no Hostel antes de amanhecer e começamos a subir as montanhas. Somente essa subida já foi um passeio pra mim, começar a ver neve e montanhas na estrada, até ficar tudo bem branquinho foi mágico.
No caminho para a estação de ski, a van para em um lugar para locação de roupas de neve. Como eu já tinha, não precisei alugar, porque o preço era bastante elevado. No meio da subida a van também faz uma parada para acostumarmos com a pressão e tomar um chá de coca, que ajuda na dor de cabeça.
A entrada para o parque é de 30.000 pesos sem ski, somente aproveitar os espaços do parque, tirolesa, escorregar com bóia na neve e a área de alimentação. O ingressos com aulas coletivas de ski e mais equipamentos sai por 45.000 pesos (R$300) e o ingresso com equipamento e aulas particulares de ski é 65.000 pesos (R$435). Além disso tem o valor do locker para guardar as coisas para esquiar que custa 5.000 pesos (R$35). O parque tem poucas opções de comida, limitado a lanches como cachorro-quente e hambúrguer.
DIA 3
No terceiro dia não tinha agendado nenhum passeio, então fui ver a troca da guarda que acontece a cada 2 dias no Palacio de la Moneda. A cerimônia inicia às 9:50 nos dias de semana e às 10:50 nos finais de semana e feriados.
Depois segui a pé ao Cerro de Santa Lucía, que é um monte no centro da cidade, que tem uma vista e uma vista de pôr-do-sol muito bonito lá de cima. O monte está a 629 metros acima do nível do mar e em uma altura de 69 metros do chão, com uma linda vista para a Cordilheira dos Andes.
Um pouco mais tarde, segui a pé em direção ao Patio Bellavista, um dos lugares que mais gostei da cidade. É um mercado a céu aberto, com diversos restaurantes, bares e lojas, e durante à noite tem uma vibe muito legal. Claro que como tudo que envolve alimentação no Chile, não é nada barato, mas vale a experiência. Lá tem opção de sushi (salmão fresquinho do Chile), pizza, carnes, comida mexicana, smoothies, doces e muitas opções de drinks.
A melhor parte desse dia foi o final de tarde. Fomos para um lugar IMPERDÍVEL que é o Templo de Bha’í para aproveitar o pôr-do-sol e foi um dos mais lindos que já vi na vida. É uma casa de culto que foi fundada em 2016 e não é atrelada à nenhuma religião específica e isso que me deixou mais fascinada por ele. Se de dia ele já é lindo, de noite é maravilhoso. As luzes se acendem por dentro dele e com a luz do sol indo embora, é mágico. Por dentro o templo é ainda mais bonito, mas é proibido fotografar.
DIA 4
Esse dia reservei um passeio pela manhã na Vinícola Concha y Toro, a principal e mais conhecida do Chile. Foi fundada em 1883 e é atualmente uma das mais importantes do mundo e é aberta à visitação durante todo o ano. No verão é possível ver as parreiras bem verdinhas e durante o inverno elas secam e a vista não é tão bonita. O passeio acontece por diversas partes da vinícola à pé e há degustação dos principais vinhos.
Ao final, cada turista recebe uma taça para levar para casa e é o momento que se pode comprar vinhos e almoçar em um restaurante com pratos e harmonizações com cada tipo de vinho da adega.
Depois dessa manhã gostosinha, voltei pro hostel e fui passear no Barrio Lastarria. É um lugar charmoso bem vibes européia, com cinemas, museus, bares, restaurantes, artesanato na rua. É legal reservar pra ir de dia e à noite, assim dá pra aproveitar bastante tudo que o bairro tem para oferecer.
Depois continuei a pé até o Museo Nacional Bellas Artes, um dos museus mais antigos da América Latina. Todos os museus são gratuitos e possuem armário com chave para colocar os pertences antes de entrar. O estilo arquitetônico é Art Nouveau e foi fundado em 1880 em comemoração ao primeiro centenário da independência do país.
DIA 5
A principal atração deste dia foi o Museo de la Memoria y los Derechos Humanos. Esse é muito especial porque o objetivo é dar visibilidade às vítimas de violações de direitos humanos durante o regime militar de Augusto Pinochet de 1973 e 1990. Ele é carregado de emoção e história com muitas atrações interativas, vídeos, documentários, depoimentos, materiais jornalísticos, trazendo uma parede com rostos das vítimas deste período.
Também visitei o Museo Nacional de Historia Natural, localizado no Quinta Normal Park. Esse é legal, mas não amei! Mais tarde, fomos no Mercado Público para conhecer, mas não é muito diferente do que os mercados que conhecemos, não achei nada de especial, além claro da culinária chilena que pode se provar lá, mas como é um lugar turístico, não é muito barato.
Fui comer mesmo em um lugar famoso chamado Emporio Zunino, famoso por ter empanas boas e não ter o preço elevado. As empanadas são o salgado mais tradicional do país e pode ser assada ou frita (que lembra nosso pastel). Tem vários sabores, queijo, napolitana, presunto e queijo, mas a mais famosa é a de pino, recheada de carne, ovo e azeitona.
À noite voltei ao Barrio Lastarria para tomar um sorvete muito conhecido chamado Emporio la Rosa. É eleita uma das 25 melhores sorveterias do mundo e realmente é muito boa! Além de sorvetes, também possuem pratos salgados, então é possível ter uma refeição com uma sobremesa maravilhosa.
DIA 6
Este foi o dia de passeio para Viña del Mar e Valparaíso. Em Valparaíso visitamos La Sebastiana, agora um museu, mas antigamente foi a casa de Pablo Neruda, o poeta chileno considerado um dos mais importantes da língua castelhana. Ele foi cônsul do Chile na Espanha e no México e recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971.
Valparaíso é uma cidade portuária repleta de colinas ingrimes com belas vistas. É conhecida pelas cores que estão espalhadas por ela. Casas e muros com pituras e artes que encantam e geram ótimas fotos.
Já Viña del Mar é uma cidade conhecida pelas praias, jardins, edifícios elevados e pelo famoso relógio de flores. A cidade possui uma rua à beira mar com restaurantes e bares e uma vista muito bonita com calçadão e pessoas praticando esportes na areia, até no inverno.
DIA 7
Nesse dia eu queria fazer o passeio para Cajón Del Maipo, mas havia ocorrido recentemente um incidente com pedras que deslizaram e atingiram pessoas, por isso a atração estava fechada. Então troquei pelo passeio a Portillo perto da cidade Los Andes, que é uma estação de ski, mas fui somente para visitar.
O lugar é um hotel de ski com pistas e montanhas enormes e a belíssima Laguna del Inca pra ficar admirando. Eu adorei o lugar e rendeu ótimas fotos. Demora cerca de 2 horas para chegar ao local, e dependendo das condições climáticas pode demorar um pouco mais. Por isso é importante reservar um dia inteiro para esse passeio.
DIA 8
Esse foi o último e mais especial dia da minha viagem. Coincidentemente, neste dia ocorreu um eclipse total do sol em que o Chile foi epicentro mundial. Ou seja, a lua cobriu o sol e a visibilidade do Chile era a melhor do mundo inteiro, devido ao ângulo e alinhamento da terra, lua e o sol.
Então nesse dia eu fui a pé até o Cerro de San Cristóbal, uma famosa colina que é o segundo ponto mais alto da cidade. Eu subi a pé por uma trilha de pouco menos de 1h, mas há opção para subir de funicular ou teleférico. A vista é maravilhosa e é muito legal assistir o pôr-do-sol lá de cima.
Nesse mesmo dia, à noite, era meu voo de volta para Porto Alegre. Esses 8 dias de viagem foram muito especiais e senti que até sobrou tempo pra fazer coisas, então se você tiver uns 5 dias, já é uma ótima desculpa pra planejar uma viagem para Santiago.
Espero que tenham gostado :)
Incrível!!!